Em megafeira, Sindimármore protesta contra mortes nas pedreiras
Entidade filiada à CONTICOM-CUT aproveita visibilidade de evento do setor em Cachoeiro do Itapemirim (ES) para denunciar acidentes de trabalho e negociações emperradas
Publicado: 03 Setembro, 2024 - 13h20 | Última modificação: 03 Setembro, 2024 - 15h54
Escrito por: Redação CONTICOM | Editado por: João Andrade
O Sindicato dos Trabalhadores do Mármore e Granito do Espírito Santo (Sindimármore) aproveitou a abertura da 35ª edição da “Cachoeiro Stone Fair”, no último dia 27/08, para denunciar junto à população de Cachoeiro do Itapemirim (ES) e aos visitantes de uma das maiores feiras do setor de pedras ornamentais do país os graves problemas que afetam os trabalhadores que atuam nas pedreiras capixabas.
De acordo com o Sindimármore, entidade de base estadual filiada à Confederação Nacional dos Sindicatos de Trabalhadores nas Indústrias da Construção e da Madeira filiados à CUT (CONTICOM), o foco dos protestos concentrou-se na tragédia dos acidentes de trabalho fatais do setor e no impasse nas negociações para renovação da CCT 2024, sem acordo desde a data-base (1° de maio).
Mortes nos outdoors
Segundo Pablo Pereira, secretário de Finanças do Sindimármore e secretário-geral da CONTICOM-CUT, além dos protestos com carros de som feitos na região do pavilhão de exposições de Cachoeiro do Itapemirim, as ruas da cidade capixaba receberam vários outdoors com cenas impactantes de trabalhadores que morreram nas pedreiras do estado.
O dirigente lembra que apenas neste ano de 2024 sete trabalhadores já morreram em acidentes de trabalho. Para Pablo, a situação é considerada inaceitável principalmente em um setor grandioso e lucrativo no estado, que responde por 81,6% de todas as exportações de rochas ornamentais do Brasil.
“Só este ano já tivemos sete mortes por acidente de trabalho nas pedreiras aqui no Espírito Santo, praticamente uma por mês, e por isso resolvemos aproveitar a enorme visibilidade dessa feira para mostrar para a sociedade que os patrões fazem pouco para mudar essa realidade apesar de ganharem muito dinheiro com as rochas ornamentais, setor que representa 10% do PIB do estado”, explica Pablo Pereira.
‘Traição’ patronal
Outro ponto do protesto organizado pelo Sindimármore foi o que o dirigente da CONTICOM-CUT classificou como uma “traição” do sindicato patronal durante as negociações para renovação da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT), vencida desde a data-base, em 1º de maio.
De acordo com Pablo Pereira, no último dia 09/08 os trabalhadores aprovaram a proposta construída em reuniões entre as comissões do Sindimármore e do sindicato patronal que previa reajuste salarial de 10% para o piso da categoria e de 5% para os demais salários, perante uma inflação acumulada de 3,35%. Além disso, também ficou acertada a definição de um ticket alimentação no valor de R$ 200.
“A gente brigava por um ticket de R$ 450, mas os índices acertados com o patronal eram muito bons, com ganho real no piso de cerca de 6,5%, e por isso levamos essa proposta para os trabalhadores, que a aprovaram em assembleia”, detalha Pablo.
A “traição”, segundo o dirigente, veio no dia 13/08, quando o sindicato patronal enviou a informação que alguns empresários não aceitaram esse acordo e que, por isso, estavam propondo reduzir o reajuste para 3,5%, podendo chegar a 6%.
“Lógico que não aceitamos, porque além de quebrar algo que já havia sido acertado entre sindicato e o patronal, o índice ficou muito longe do combinado. A desculpa do impacto na folha não se sustenta porque nos primeiros sete meses de 2024 as exportações somaram R$ 3,9 bilhões e cresceram 8,37% em relação ao ano passado. O setor é lucrativo”, diz.
Diante do impasse, foi solicitada a intermediação do Ministério Público do Trabalho (MPT), que ainda não marcou a data para reabrir as negociações, o que deve acontecer nas primeiras semanas de setembro. Pablo explica que, em caso de impasse, não está descartada a convocação de assembleia para convocação de greve geral.