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Encontro do setor moveleiro cresce e amplia troca de experiências sindicais

Evento realizado em Ubá (MG) chega à 27ª edição com recorde na participação de dirigentes sindicais; conjuntura econômica e até tarifaço de Trump marcaram debates

Publicado: 22 Julho, 2025 - 17h59 | Última modificação: 22 Julho, 2025 - 18h28

Escrito por: Redação CONTICOM | Editado por: João Andrade

Divulgação Conticom
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Dirigentes durante Encontro do Mobiliário realizado em Uba (MG)

A 27ª edição do Encontro Nacional dos Sindicatos de Trabalhadores(as) no Mobiliário, realizada entre os dias 16 e 17 de julho, em Ubá (MG), foi palco de debates que abordaram desde a conjuntura econômica e sindical do setor até os possíveis impactos do tarifaço de Donald Trump. A edição deste ano foi marcada por um recorde: mais de 120 dirigentes sindicais de todo o país participaram do evento, número jamais registrado nas 26 edições anteriores.

O evento, tradicionalmente organizado pelos sindicatos moveleiros de Mirassol/Votuporanga (SP) e de Bento Gonçalves (RS), e pelo Sindicato dos Marceneiros de São Paulo, contou mais uma vez com apoio da Confederação Nacional dos Sindicatos de Trabalhadores nas Indústrias da Construção e da Madeira da CUT (Conticom) e também das federações (Feticom) de SP e MG e da Fetraconspar (PR). Os sindicatos dos marceneiros de Ubá e Belo Horizonte também participaram da organização.

Segundo os organizadores, a edição deste ano contou com a presença de mais de 50 sindicatos do mobiliário e da construção, principalmente dos estados do Rio Grande Sul, São Paulo, Minas Gerais, Santa Catarina, Paraná, Brasília e Rio de Janeiro.

“É um evento que ganha relevância no cenário sindical brasileiro porque vem crescendo a cada ano. Em 2023, em Bento Gonçalves, foram cerca de 70 participantes, número que subiu para cerca de 100 na edição paulista do ano passado, para atingirmos a marca de cerca de 120 dirigentes nesta edição de 2025. Para o ano que vem, no encontro que será no Paraná, a previsão é de chegarmos perto de 200 participantes”, afirma Marcelo Ferreira dos Santos, tesoureiro da Conticom e presidente do Sindicato da Construção Civil de Guarulhos.

 

Tarifaço gera apreensão

Um tema que não constava da pauta de debates, mas que acabou entrando de forma inevitável, foi a decisão do presidente do Estados Unidos, Donald Trump, de impor uma tarifa de 50% sobre todos os produtos importados do Brasil pelos norte-americanos. Tal medida, que ficou conhecida como tarifaço, impacta vários setores exportadores, como o moveleiro.

De acordo com Adriana Machado de Assis, presidenta do Sindicato dos Trabalhadores na Construção e Mobiliário de Bento Gonçalves (Sitracom-BG), a possível tarifação extra, prevista para entrar em vigor em 1º de agosto, impactaria especialmente os polos moveleiros da região Sul do país, que são os maiores exportadores para os EUA.

“Nos debates que fizemos, o clima entre os dirigentes era de apreensão. Afinal, ao atingir as empresas, o tarifaço preocupa também os sindicatos pelo possível aumento do desemprego. Mesmo sem entrar em vigor ainda, a gente já percebe empresas diminuindo o ritmo de produção, programando férias coletivas e usando isso para dificultar as negociações”, explica a sindicalista.

 

Balanço positivo

Para Gilmar Antônio Guilhen, presidente da Feticom-SP, o crescente número de participantes privilegia um dos objetivos primordiais do Encontro, que é a troca de experiências e informações entre os dirigentes de cada polo moveleiro. Nos debates, o dirigente relata que foi possível comparar as campanhas salariais, negociações, dificuldades e avanços registrados em cada região.

“Tivemos a oportunidade de debater o que acontece nos principais polos moveleiros do país, como está a saúde das empresas e das entidades sindicais, como estão os ambientes de trabalho e como se desenrolam as negociações. E nesse ponto o saldo foi positivo, com todas as negociações de 2024 fechadas com ganho real, acima da inflação, nos reajustes de salários e benefícios”, diz Guilhen.

Outro ponto destacado pelos dirigentes foi a crescente participação das mulheres no evento. No primeiro dia de trabalhos, uma mesa montada apenas com sindicalistas mulheres coordenou a apresentação de duas palestras sobre o tema. A primeira, abordando os desafios da mulher trabalhadora em empresas do setor, e outra sobre a atuação e os desafios a serem superados para o empoderamento das mulheres no meio sindical.

O Encontro também debateu a questão das doenças ocupacionais e acidentes de trabalho, os desafios dos departamentos jurídicos de trabalhadores do setor moveleiro, e apresentou um diagnóstico socioeconômico do setor, com palestra de Fernando Duarte, do DIEESE-MG.